LOST: Pilot I 1x01
Olhos se abrem. Assustados, temerosos e doloridos. Os olhos de um homem. Os olhos de um lĂder nato. Jack Shepard se levanta e segue seu instinto. O instinto de salvar vidas. Ser mĂ©dico já ajuda esse instinto, mas ali naquele momento, nĂŁo existe cor, raça, profissĂŁo ou religiĂŁo. Existem pessoas boas e más; pessoas humildes e egoĂstas que se misturam ao caos para tentar salvar o que aparecesse pela frente. Uma cena tĂpica de um desastre de aviĂŁo, mas em se tratando de LOST, a simplicidade passa muito longe.
Foram nove minutos de "espetáculo". A produção desse episódio foi digna dos melhores filmes do cinema. Os principais personagens já mostraram que não estariam ali apenas para fazer parte do elenco, mas, para fazer parte fundamental à trama. Pessoas de todo lugar no mundo passando por um desastre aéreo tentando sobreviver. Muitos morreram durante a queda, muitos morreram dentro do caos do acidente e muitos morreram tentando sobreviver à ilha. LOST veio como a série dos mortos, mas mostrou que a morte não significa nada mais além do que um recomeço.
EntĂŁo o caos se foi e ficaram as pessoas. Fizeram o de praxe, em ocasiões como essa: tentaram sobreviver, racionaram a comida, os remĂ©dios e tentaram informar o acidente, atravĂ©s de qualquer meio de comunicação. Mas quem disse que todos queriam sair da ilha? A ilha que cura câncer, a ilha que cura paraplĂ©gico, a ilha que seria um paraĂso para os necessitados. Para alguns, desespero, mas para outros, uma nova vida.
Os personagens começaram a se conhecer e a criarem afinidade. Uns tentando apenas ajudar as pessoas com mais necessidades, porĂ©m outros, apenas pensando em seu prĂłprio umbigo. Com a iminĂŞncia de ajuda cada vez mais escassa, os pequenos problemas e as pequenas atitudes, tornaram gigantescas. Enquanto uns foram atrás de comida e de água, outros foram atrás de esconder a comida e a água. Enquanto outros foram atrás de obter comunicação, outros foram atrás de destruir a mĂnima chance de se comunicarem. O desastre de aviĂŁo tornou-se um dos menores problemas naquele momento.
Os personagens foram apresentados de forma a instigar a nossa imaginação: fator primordial em uma série estreante. O telespectador precisa ter motivos para continuar seguindo com a série e nesse episódio, LOST deu "milhões" deles. Todos os personagens apresentados mostraram significância. Todos os assuntos abordados foram incrementados de cliffhangers onde estruturavam o desenvolvimento da narrativa.
De repente vem a chuva. Prevista por um certo homem misterioso, desprovido de cabelo. Chuva que dificultou muito a turma que se prontificou a buscar o transponder, localizado na cabine perdida do aviĂŁo. Um bicho, um fantasma ou sei lá o quĂŞ (nĂŁo sabĂamos no momento), aterrorizaram Jack, Kate e Charlie, fazendo-os correrem sem rumo, apĂłs matar sem piedade o piloto do aviĂŁo. Ali já tinham que tirar forças para vencer muitos dos medos trazidos de fora da ilha, vividos em suas respectivas vidas. Tinham que contar atĂ© cinco.
O episódio termina com a prova de que não estavam em um lugar qualquer, em uma ilha qualquer. Os quarenta e dois minutos que passaram em um piscar, ou melhor, abrir de olhos, mostraram que ali não seria uma simples série estreando e sim, uma série que viria pra marcar a história da TV (e marcou) mudando conceitos nunca vistos até o momento.
Pra terminar, uma frase que marcou esse episódio e que levo comigo até hoje:
"EntĂŁo comecei a contar: um, dois, trĂŞs, quatro, cinco. O medo foi embora." Jack.
Faça isso em situações onde esteja apavorado. Dá certo.
"EntĂŁo comecei a contar: um, dois, trĂŞs, quatro, cinco. O medo foi embora." Jack.
Faça isso em situações onde esteja apavorado. Dá certo.
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