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LOST: "Walkabout" 1x04

Dirigido por Jack Bender e escrito por Jeffrey Lieber

"Não me diga o que eu não posso fazer."

Que frase. Uma das frases mais marcantes de LOST dita logo no início da série. Conhecemos a origem dessa frase que ilustra muito bem o surgimento de um dos mais importantes personagens da série. Um ser humano humilhado, capaz de passar por cima de todos os problemas, pois, se era difícil segurá-lo em uma cadeira de rodas, imagine agora que ganhou suas pernas de volta.

Walkabout foi um episódio centrando em John Locke, mas longe de ter-se limitado a "apenas" isso. Incrível como, mais uma vez, as sub-tramas foram bem desenvolvidas. Mesmo em cenas que não dizem nada no momento. Mesmo passadas em poucos segundos, tiveram relevância posteriormente. Quando o episódio é visto pela primeira vez, a sensação é de êxtase, com milhões de teorias surgindo devido aos excelentes núcleos. Quando você re-assiste, a sensação é de quebra-cabeça montado, além da certeza de que tudo na série teve um propósito. Nada é irrelevante em se tratando de LOST.

Exemplo: Sayid se depara com uma foto. Pronto. A cena dura dez segundos. Mas pra quem já viu a série sabe que dali, muitas, muitas coisas virão. Quem não assistiu fica imaginando, teorizando sobre a pessoa que aparece na foto. Duas sensações indescritivelmente deliciosas. 

A série é repleta de personagens sensacionais e nota-se que esse era o seu propósito. Os produtores não tiveram medo de errar. Havia uma grande chance que certos núcleos caíssem no marasmo, monotonia, mas não. Souberam desenvolvê-los muito bem, fazendo-nos intercalar entre o personagem base do episódio ao restante da trama da melhor maneira, prazerosa possível.

Principalmente exaltando o lado carismático deles. O diálogo inicial, quando vimos Locke sendo definitivamente apresentado ao grupo, jogando a faca em Sawyer e errando propositalmente, para desespero e ironia de Jack, demostra isso claramente. Um dos momentos mais engraçados e divertidos da temporada. 

Claire sendo a ser humana caridosa; Shannon sendo a bitch aproveitadora, para desespero de Boone; Charlie sendo tapeado por Shannon ao som de Drive Shaft, coitado; Hugo sendo prestativo, usando seu bom coração, como sempre; Walt e Sun se entendendo com seu pai tentando ganhar sua confiança através de seu "heroísmo"; Rose lançando sua fé no até então sem fé, Jack; e Kate, sendo prestativa com segundas intenções, louca para sair da ilha.

Ufa! Nem parece que o episódio teve um personagem central.


John Locke. O traumatizado John que caiu no paraíso. Maltratado, humilhado por seu patrão, vitima de grosseiros preconceitos. Uma pessoa que pagava por atenção, mas incapaz de fazer seu dinheiro ter sentido ao tentar se aventurar. Puro preconceito. Se juntarem as pessoas tidas como "normais" daquela viagem à "Walkabout", não daria metade do homem que John Locke é.

Um paraplégico sobrevivente de um desastre de avião que cai em uma ilha e começa a andar, tranquilamente. Nota-se que aquela não é uma ilha comum. O que há de especial, há de mistério e perigo naquele lugar. Locke enfrentou tudo isso e mais um pouco e saiu-se ileso. Aquele porco não é nada para ele. Ele esteve cara a cara com a "fera" e se salvou. O monstro da ilha respeita John Locke.

A luta pela sobrevivência entrou em um ponto crítico: começou a faltar comida e vai começar a faltar água. A esperança pelo resgate praticamente extingue-se, levando até a incrédula Shanoon aceitar. Os sobreviventes estão tentando se manter vivos, enquanto Sayid tenta colocar sua engenhoca pra funcionar.

O episódio termina com Jack tento "alucinações", vendo um senhor de terno no meio da floresta, que, até então, fosse embora sem deixar pistas. É só a ponta do iceberg.


Walkabout cremou os mortos, deu novos objetivos e nova mentalidade aos sobreviventes, apresentou a essência de John Locke e trouxe as alucinações de Jack. Mas uma coisa ficou claro. A outra parte do avião existe. Quem viver, verá.


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